sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A manhã - Vladimir Maiakóvski

A manhã 

A chuva lúgubre olha de través. 
Através 
da grade magra 

os fios elétricos da idéia férrea - 
colchão de penas. 
Apenas 
as pernas 
das estrelas ascendentes 
apoiam nele facilmente os pés. 
Mas o destroçar dos faróis, 
reis 
na coroa de gás, 
se faz 
mais doloroso aos 
buquêshostisdasprostitutasdotrotoar.
no ar
o trotar
do riso-espinho dos motejos -
das venenosas
rosas
amarelas se propaga
em zig-zag
ag-
rada olhar de
tras do alarde
e do
medo:
ao escravo
das cruzes
quieto-sofrido-indiferentes
e ao esquife
das casas
suspeitas
o oriente
deita no mesmo vaso em cinza e brasas



Maiakóvski

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